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Foto do escritor: Lari PestanaLari Pestana

Também não é sobre uma amizade verdadeira.

Claramente.


Eu deixei você entrar na minha casa. Na minha mente. Na minha vida inteira.

Te contei os mais sombrios segredos, as piores experiências e os dias mais traumáticos que já vivi.

Era isso que você queria, não era?


Quando te perdoei

Por ter levado um traficante na casa dos meus pais

Por ter me causado crises de ansiedade e distorções terríveis de autoimagem

Por quase ter me custado um semestre na faculdade

Por ter feito tudo isso se escondendo por trás de uma cortina

transparente

rasgada

podre


Sinceridade?

Transtorno mental?

Traumas?


Nada disso justifica.


Gritar comigo na frente de outras pessoas

Dizer que nossa amizade é de baixa manutenção e confirmar várias vezes que está ok com isso

Me acusar de coisas horríveis que eu mesma já sofri e não desejaria para mais ninguém

Gaslighting

Você aprendeu essa palavra recentemente em algum dos seus livros chiques que você tanto ama dizer por aí que leu?

7 ao mesmo tempo

Pena que não entende nenhum


Pergunto porque vejo que você ama destilar veneno dizendo que absolutamente todos à sua volta fazem gaslight com você

Cobram você

Te fazem sofrer

Mas você nunca está errada, né

Óbvio

Como pode?

Você é uma pobre minoria indefesa

Que usa de sarcasmo, escrotice, veneno e inveja pra se infiltrar na mente dos outros, como um parasita que transforma sua presa em zumbi


Um servo de suas vontades

Que sempre precisa estar disponível pra ouvir suas lamúrias

Queixas

Choros

Gritos


Mulher, eu liguei pro SAMU quando um familiar seu estava dissociando

Te dei carona fora do meu caminho, chegando tarde em casa, cortando parte do meu tempo de descanso, sabendo que odeio dirigir, quando seu ex terminou contigo e te deixou na merda por meses a fio. (Aquele que você amava se gabar por aguentá-lo, já que ele tinha 9 “doenças mentais”, palavras suas). (O termo certo, caro leitor, é transtorno mental).

Várias

e

Várias

Vezes.

Te defendi quando vieram falar mal de você por terem visto uma foto sua comigo nas redes sociais.


Eu repeti a porra do termo “amizade de baixa manutenção” inúmeras vezes porque aprendi com você e acreditei mesmo que éramos isso

Mesmo repetindo todas as vezes que isso não significa NENHUMA manutenção

Apesar de, para mim, sempre ter sido MUITA manutenção.

Era obrigatório responder suas mensagens, porque senão eu tomava um xingamento

Era preciso andar em ovos porque senão eu levava um grito na cara por não ter a mesma vivência que você

Era necessário confirmar presença em eventos que eu não tinha o mínimo de bateria social para ir para que você não ficasse chateada.


Você se fez o centro das atenções no meu chá de lingerie

Se fez de vítima um dia depois, dizendo ter chorado no caminho de casa porque eu fiquei triste - e expressei isso - por você ter ido embora cedo.

Fez o mesmo depois do meu casamento, falando mal de amigos meus, de profissionais que ali estavam, quando tudo que falei foi sobre rir de uma pessoa ter ido de branco. RIR, não JULGAR e OFENDER.

São coisas bem diferentes.


Mas você sabe disso, né?

Você só gosta de se manter por trás dessa máscara de vítima, coitada

Que tem amigos que você mesma não suporta, mas sabe que, se tirá-los da sua vida, não sobra mais ninguém.


Eu te chamei de minha amiga.

De uma das melhores.

E no primeiro dia que tomei coragem para te dizer algo que me feriu - como você já havia feito antes, por muito menos, e de maneira muito pior - você simplesmente pegou a faca e a girou nas minhas costas.


Você ofendeu os vivos. Os mortos. Todos. Sem nem ao menos pensar nas consequências.

E com certeza acha que está certa.

Claro.

Você sempre está.


Porque te pedi um tempo das mensagens e expliquei que estava magoada

Você

Falou que sou difícil

Que sou uma pessoa ruim

Que não suporta viver por perto

Que não sei manter uma amizade.

Que sou um lixo


E muitas outras coisas. 


Se olha no espelho agora.


E repete.


Me abri e me derramei pra você em momentos íntimos de amizade que achei ser verdadeira.


Mas agora vejo que só estava acumulando munição para quando eu não servisse mais para você.


Descartada de novo.

Não era baixa manutenção, é que não era nem amizade pra você.

Era só conveniência.


Entendo isso agora.


E meus muros subiram novamente. Mais fortes dessa vez.


Nem com a porra de uma catapulta você consegue voltar para a minha vida de novo.


Anote minhas palavras.


E descanse em paz.


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Foto do escritor: Lari PestanaLari Pestana

Como parar de amar, deixar de pensar em alguém que você nunca conheceu? Aquelas dores, aquele sofrimento, toda aquela cólera para te expulsar de mim, sendo que eu nem sabia que você lá estava.

Um banho gelado, a água levando você de mim. Te peguei a tempo. Senti. Explorei. Mexi. Provavelmente te revirei do avesso. Literalmente. O sangue em minhas mãos foi lentamente tomando forma. Um pequeno aglomerado de células, como eu tanto li, tanto ouvi falar, agora estava ali, diante de mim. Tão frágil, pequeno e sem forma. Lembro da cor, rosa claro, até hoje, recebendo a água do chuveiro, que seguia levando todo aquele vermelho embora.

Silêncio.

Nenhuma lágrima, nem um soluço, muito menos um grito. O som da água correndo, os tiques e os taques do relógio na pia do banheiro. Meus deuses! Há quanto tempo estou aqui?! Preciso descer para almoçar, senão meus pais vão subir aqui e perguntar o que houve.

Mas… o que houve?

O que é isto?

Ou eu deveria perguntar… 

Quem é você?

Eu não te planejei. Mas eu quero você? Eu deveria querer? Preciso ir ao médico? Contar para alguém? Mas quem?

Acho… que vou te deixar ir…

Vai ser o melhor a se fazer.


Depois de tudo isso, te soltei. Vi você se misturar à chuva que caía em meu box, correr pelo chão e escoar pelo ralo.

Te deixei ir.

Da mesma forma que mães fazem com seus filhos quando chega a hora certa.

Terminei o banho, desliguei o chuveiro e sacudi a cabeça para acordar daquele…

Sonho?

Não.

Você foi bem real, seria injustiça te chamar assim.

Fui até a pia, olhei para o relógio. Eu não havia passado mais tempo ali do que o habitual, então era só me vestir e descer para o almoço. Acabou, era isso. Algo que eu nem sabia que havia começado.

Será que você é a pessoa que aquela criança viu ao me perguntar agora, 8 anos depois, se eu estava grávida? É quem aparece em meus - agora sim - sonhos, sussurrando um nome que nunca nem pretendi dar a uma filha?

Me arrumei, desci, almocei…

Pensando em você.

Assim como tenho feito todos os dias da minha vida pelos últimos 8 anos.


31.10.2023


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Foto do escritor: Lari PestanaLari Pestana

Vamos falar sobre isso?

 


A primeira vez em que falei para alguém que era adotada foi surreal. Incrível, mesmo.

Estávamos eu e mais uns 4 ou 5 amigos conversando, na escola. Ensino médio. Estudei na mesma escola desde que tinha 7 anos de idade, 10 anos haviam se passado e era a primeira vez que estava tendo um diálogo sobre o assunto.

- Eu fui adotado bebê, me deixaram na porta da casa dos meus pais - disse um colega.

- Nossa, eu também! - disse outra.

Até então, eu vivia com medo de falar para alguém que eu também era adotada, já que eu meio que fui criada assim. Então algo dentro de mim dizia que eu não podia participar daquela conversa. Mas, mesmo assim...

- Eu também! Mas minha história é meio diferente...



Eu tenho orgulho da minha história. Amo demais ouvi-la - embora eu sinta que meus pais (principalmente minha mãe) possam não gostar muito disso. Mas olha só isso...

Meus pais não podiam ter filhos, e descobriram isso depois de passar por algumas experiências ruins - que eu acho que não convém citar aqui. Então, minha mãe precisou passar por uma cirurgia, retirou o útero e, depois disso, conversou com meu pai sobre a adoção. A minha sorte é que ambos acreditam que família não é feita apenas de sangue.

Bom, a partir daí começaram a pesquisar sobre o assunto, conversar com amigos que entendiam sobre, ir atrás de agências de adoção. Assim, encontraram o lugar perfeito para pedir pela filha deles. Sim, único pedido: "queremos uma menina".

Passaram-se alguns meses, não sei exatamente quantos, mas eles dizem que foi menos que o esperado. E aí receberam a tão aguardada ligação.

Essa é a minha parte favorita, prestem atenção!!


Eu nasci, uma pessoa da agência ligou para os meus pais e a história é o seguinte:

- Havia dois casais na frente dos meus pais

- Um deles estava viajando e não poderia receber a criança

- O outro, aparentemente, estava sem meios de contato, então não atenderam à ligação

O resto vocês já entenderam, né?!

Ligaram para os meus pais, eles largaram tudo que estavam fazendo e foram me buscar. E aí começamos nossa aventura juntos.

No dia 07 de junho de 1994.

Quando eu falo dessa data, normalmente eu digo "o dia em que eu fui pra casa". Percebi isso enquanto pedia fotos pra minha mãe para que eu pudesse ilustrar este texto.

Isso é porque eu acredito que, muito mais importante do que nascer, é ter um lar. Eu amo muito saber que meus pais biológicos tiveram a sensibilidade de buscar uma forma de me dar uma vida melhor que aquela que eles talvez poderiam me dar. E eu tenho certeza de que a minha família é a melhor que eu poderia ter.

Eu tenho os olhos do meu avô, os cabelos do meu pai, as mãos e a altura da minha mãe, mania de organização de uma tia distante, o gênio forte de outros não sei quantos familiares... e eu sempre soube, desde os meus 4 anos de idade, que isso não vinha do sangue.

Vinha de algo muito maior que isso.


Contar a minha história me rendeu amizades, novas histórias e um TCC incrível na minha primeira faculdade, ideia original da Bruna, amiga minha que ama me ouvir falando disso (e espero que ame ler esse textão enorme também).

Mas eu também entendo o medo que eu tinha, quando mais nova, de contá-la para outras pessoas.

Inclusive, não comentei aqui, mas eram meus pais quem pediam para que eu evitasse trazer o assunto à tona.

E hoje, de novo, eu entendo.



Em meio a tantas experiências incríveis, eu também já recebi olhares tortos. Caras de nojo. Comentários do tipo "nossa, nada a ver criar o filho dos outros". Um desses, inclusive, recentemente, em pleno 2021.

Mas, sabe... não me importo. Porque eu amo a minha história. Eu amo a minha família. Eu amo a experiência que tudo isso me trouxe ao longo da vida.

E eu fico feliz em saber que eu ainda posso educar algumas pessoas, que têm a mente mais aberta, sobre a adoção. Principalmente em um país como o nosso, que tem mais de 35 mil crianças esperando por uma família para chegar em casa. E renascer.

Eu amo vocês, pai e mãe. Obrigada por tudo que já fizeram e ainda fazem por mim, e que tenho certeza que seguirão fazendo pelo resto de nossas vidas!

E para aqueles que me geraram, pai e mãe biológicos... meu muito obrigada por me proporcionarem tudo isso.


Mamãe me dando banho e tomando banho junto
Papai babão dando colo pra nenê encasacada




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