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Oi, o meu nome é Larissa e eu sou adotada

Foto do escritor: Lari PestanaLari Pestana

Vamos falar sobre isso?

 


A primeira vez em que falei para alguém que era adotada foi surreal. Incrível, mesmo.

Estávamos eu e mais uns 4 ou 5 amigos conversando, na escola. Ensino médio. Estudei na mesma escola desde que tinha 7 anos de idade, 10 anos haviam se passado e era a primeira vez que estava tendo um diálogo sobre o assunto.

- Eu fui adotado bebê, me deixaram na porta da casa dos meus pais - disse um colega.

- Nossa, eu também! - disse outra.

Até então, eu vivia com medo de falar para alguém que eu também era adotada, já que eu meio que fui criada assim. Então algo dentro de mim dizia que eu não podia participar daquela conversa. Mas, mesmo assim...

- Eu também! Mas minha história é meio diferente...



Eu tenho orgulho da minha história. Amo demais ouvi-la - embora eu sinta que meus pais (principalmente minha mãe) possam não gostar muito disso. Mas olha só isso...

Meus pais não podiam ter filhos, e descobriram isso depois de passar por algumas experiências ruins - que eu acho que não convém citar aqui. Então, minha mãe precisou passar por uma cirurgia, retirou o útero e, depois disso, conversou com meu pai sobre a adoção. A minha sorte é que ambos acreditam que família não é feita apenas de sangue.

Bom, a partir daí começaram a pesquisar sobre o assunto, conversar com amigos que entendiam sobre, ir atrás de agências de adoção. Assim, encontraram o lugar perfeito para pedir pela filha deles. Sim, único pedido: "queremos uma menina".

Passaram-se alguns meses, não sei exatamente quantos, mas eles dizem que foi menos que o esperado. E aí receberam a tão aguardada ligação.

Essa é a minha parte favorita, prestem atenção!!


Eu nasci, uma pessoa da agência ligou para os meus pais e a história é o seguinte:

- Havia dois casais na frente dos meus pais

- Um deles estava viajando e não poderia receber a criança

- O outro, aparentemente, estava sem meios de contato, então não atenderam à ligação

O resto vocês já entenderam, né?!

Ligaram para os meus pais, eles largaram tudo que estavam fazendo e foram me buscar. E aí começamos nossa aventura juntos.

No dia 07 de junho de 1994.

Quando eu falo dessa data, normalmente eu digo "o dia em que eu fui pra casa". Percebi isso enquanto pedia fotos pra minha mãe para que eu pudesse ilustrar este texto.

Isso é porque eu acredito que, muito mais importante do que nascer, é ter um lar. Eu amo muito saber que meus pais biológicos tiveram a sensibilidade de buscar uma forma de me dar uma vida melhor que aquela que eles talvez poderiam me dar. E eu tenho certeza de que a minha família é a melhor que eu poderia ter.

Eu tenho os olhos do meu avô, os cabelos do meu pai, as mãos e a altura da minha mãe, mania de organização de uma tia distante, o gênio forte de outros não sei quantos familiares... e eu sempre soube, desde os meus 4 anos de idade, que isso não vinha do sangue.

Vinha de algo muito maior que isso.


Contar a minha história me rendeu amizades, novas histórias e um TCC incrível na minha primeira faculdade, ideia original da Bruna, amiga minha que ama me ouvir falando disso (e espero que ame ler esse textão enorme também).

Mas eu também entendo o medo que eu tinha, quando mais nova, de contá-la para outras pessoas.

Inclusive, não comentei aqui, mas eram meus pais quem pediam para que eu evitasse trazer o assunto à tona.

E hoje, de novo, eu entendo.



Em meio a tantas experiências incríveis, eu também já recebi olhares tortos. Caras de nojo. Comentários do tipo "nossa, nada a ver criar o filho dos outros". Um desses, inclusive, recentemente, em pleno 2021.

Mas, sabe... não me importo. Porque eu amo a minha história. Eu amo a minha família. Eu amo a experiência que tudo isso me trouxe ao longo da vida.

E eu fico feliz em saber que eu ainda posso educar algumas pessoas, que têm a mente mais aberta, sobre a adoção. Principalmente em um país como o nosso, que tem mais de 35 mil crianças esperando por uma família para chegar em casa. E renascer.

Eu amo vocês, pai e mãe. Obrigada por tudo que já fizeram e ainda fazem por mim, e que tenho certeza que seguirão fazendo pelo resto de nossas vidas!

E para aqueles que me geraram, pai e mãe biológicos... meu muito obrigada por me proporcionarem tudo isso.


Mamãe me dando banho e tomando banho junto
Papai babão dando colo pra nenê encasacada




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3 comentários


Marcéli Lisboa Cabreira
Marcéli Lisboa Cabreira
15 de ago. de 2021

Muito linda a história ❤️

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Renato Ribeiro
Renato Ribeiro
15 de ago. de 2021

Amei o texto! Você é incrível!

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crisppestana
15 de ago. de 2021

Essa é a filha que Deus nos deu!!! Nossa benção concreta! Nosso orgulho! 🙏🏻💝

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